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Reflexões, Revolta e Realidade

  • Foto do escritor: Thaís Pereira
    Thaís Pereira
  • 17 de set. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 19 de set. de 2024

Obras que nos fazem refletir sobre questões essenciais da sociedade, como a intolerância e a falta de diálogo, que podem transformar situações cotidianas em conflitos extremos. A importância de resgatar a autenticidade em tempos em que as mensagens parecem diluídas, seja na música ou na vida pública. O impacto da violência institucionalizada e como essa brutalidade foi perpetuada historicamente, incentivando uma análise necessária das estruturas sociais e da realidade em que vivemos.


Os Outros na Globoplay

A primeira temporada de Os Outros foi envolvente e provocou reflexões importantes sobre como agimos em sociedade, especialmente diante do que nos desagrada. A série oferece uma perspectiva "de fora", fazendo com que o espectador se veja em algumas situações e questione suas próprias reações.

É comum pensar: “Eu agiria dessa forma? Será que é o certo?”, e isso gera uma reflexão sobre a intolerância e a falta de diálogo em diversas situações cotidianas.


A série nos faz "julgar", ou melhor, observar de forma externa nossas ações e o quão extremista a sociedade pode se tornar em relação ao que não agrada. Muitas vezes, questões que poderiam ser resolvidas com uma conversa são levadas ao extremo por pura intolerância, e a série destaca bem essa dinâmica.


A segunda temporada está ainda mais impactante. Embora nem todos os episódios tenham sido lançados, já fica claro o nível de profundidade e cuidado da produção. Eduardo Sterblitch me surpreendeu com sua atuação, trazendo para o drama a intensidade que o consagrou na comédia, com personagens como César Polvilho e Fred Mercury Prateado. Eu consegui ver reações desses personagens cômicos em sua interpretação de um miliciano em Os Outros, o que mostra sua versatilidade como ator.


A primeira temporada abordou mais a realidade cotidiana, enquanto a segunda explora um lado mais fictício, mas ainda assim verossímil. Conflitos entre vizinhos, como retratados na série, são extrapolados para criar situações que, embora pareçam distantes, poderiam acontecer na vida real. A Letícia Colin também brilha, com uma atuação que se destaca em meio ao talentoso elenco, que continua a entregar performances de altíssimo nível.



Novo Álbum do Rashid: Portal


Eu ouço rap desde a minha adolescência. Acho que tinha uns 13 anos quando comecei a me interessar pelo estilo. Quando me mudei para São Paulo, mais especificamente para Guarulhos, e comecei a faculdade, fui confrontado com a realidade da periferia. Enfrentei preconceitos e dificuldades que fazem parte do cotidiano de quem vive em favelas, como os problemas de transporte público, saúde básica, acesso à cultura e lazer.


Essa vivência me fez me identificar ainda mais com o rap, porque, além de gostar das músicas que faziam sucesso na época, comecei a vivenciar as letras de forma intensa e pessoal. Naquela época, eu já tinha meus rappers favoritos, que continuam sendo até hoje: Emicida, Kamau, Rael (desde os tempos do Pentágono), Projota e Rashid.


Nos últimos álbuns, Michel (Rashid) fez um bom trabalho, mas eu sentia falta de algo daquela época: um grito, uma revolta, algo visceral. Essa essência é algo que ainda sinto falta em quase todos os artistas que eu admirava na adolescência (com exceção de Kamau, que continua fiel à sua essência, independente do hype e firme no seu caminho). É aquela realidade crua que motiva e conecta com o povo.


Não é que esses artistas tenham parado de cantar sobre isso, mas a intensidade diminuiu bastante. E por quê? Talvez pela pressão da indústria musical, esse negócio de fazer música chiclete para agradar as massas e conquistar fins comerciais. Nos últimos álbuns do Rashid, algumas músicas até chamaram minha atenção, mas nunca consegui gostar de um álbum inteiro. Agora, com este novo trabalho, senhoras e senhores…


O álbum Portal de Rashid me transportou de volta à minha adolescência, quando comecei a ouvir rap. Através das letras, o artista revisita suas raízes, misturando amor lírico com críticas políticas e sociais, era o que faltava. Este álbum faz jus ao título: é um verdadeiro portal para o Rashid de 10 anos atrás, resgatando aquela energia de resistência e luta contra o sistema.

Em Portal, eu senti que o Rashid retorna à sua essência, misturando melodias cativantes com a crítica política que o consagrou, resgatando a realidade das ruas.



Rota 66: Minissérie Documental


A minissérie Rota 66, inspirada no livro de Caco Barcellos, é um verdadeiro soco no estômago. Um livro-reportagem que marcou o jornalismo e marcou minha formação. Lembro que, em uma das matérias da faculdade, a leitura desse livro era um dos requisitos obrigatórios.


Os capítulos detalham o genocídio de jovens periféricos em São Paulo durante as décadas de 70 e 80, conduzido pela Rota e outras forças policiais. À medida que os capítulos avançam, a raiva e a indignação aumentam, mostrando como a violência institucionalizada atingiu níveis absurdos naquela época.

Percebi que muitos dos atores dessa produção também atuam juntos em Renascer (a última novela das 9). Isso é algo que acontece em outras séries também, onde o sucesso dos atores acaba os levando para papéis na TV aberta. 


Um exemplo é Humberto Carrão, que está em ambas as produções, e Juan Queiroz, que interpreta o repórter Sidney Varela, parceiro de Caco. Inicialmente, o personagem de Sidney é apenas um jovem à procura do pai, mas, com a ajuda de Caco, ele acaba se tornando repórter. Curiosamente, Juan Queiroz também interpretou o personagem Pitoco em Renascer.


A atuação de Humberto Carrão, que interpreta Caco Barcellos, é brilhante, capturando a essência do jornalista que denunciou os crimes da Rota. E o elenco, que conta com nomes conhecidos da TV, entrega atuações impactantes que fazem justiça à importância do tema.


Além disso, a série evidencia como os protocolos racistas e violentos da Rota se perpetuaram ao longo das décadas. Assistir à minissérie ou ler o livro é essencial para quem deseja entender a profundidade desse problema histórico.




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